IBGE oficializa o termo “favela” no Censo
Por mais de 50 anos, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística utilizou a expressão “aglomerados urbanos” e “aglomerados subnormais” para se referir a um conjunto de moradias populares construídas com materiais diversos e, na maioria das vezes, sem seguir uma simetria em relação ao solo.
Com o passar do tempo, movimentos culturais dentro dessas comunidades ganharam força e mostraram que não se trata apenas de um modelo de moradia. É o retrato social resultante de um histórico marcado pela desigualdade.
Atualmente, cerca de 16 milhões de pessoas vivem em favelas, o que equivale a 8% da população brasileira.
Por muito tempo, favela foi sinônimo de carência de recursos, cultura e instrução. Contudo, o cenário mudou quando o favelado começou a ingressar na universidade pública e ocupar posições socialmente relevantes.
A representatividade desse grupo também cresceu exponencialmente: cargos públicos que antes eram ocupados quase que exclusivamente por brancos de classe média passaram a ser conquistados e preenchidos por negros e pessoas que vieram de famílias de baixa renda.
Essas mudanças demonstraram que favela não tem conotação pejorativa. Pelo contrário, é a expressão da potência vivenciada por pessoas que conseguem, diariamente, superar obstáculos geográficos e sociais.
Justo e legítimo, portanto, que essas pessoas sejam identificadas como moradores da favela, sem que haja qualquer acepção negativa ou preconceituosa.
Ramon Barbosa Tristão | ramon.barbosa@nascimentomourao.adv.br Sócio da área de Direito Consultivo Empresarial. Membro do Comitê de Diversidade e Inclusão.